Esta é uma lenda antiga, que surgiu na Europa
há muitos anos, mas ninguém sabe quem escreveu
ou inventou, como tantas outras historinhas aqui.
Conta sobre uma família de camponeses pobres,
com sete filhos ainda crianças para criar.
O filho caçula nasceu tão pequenininho e
fraquinho, que foi sorte sobreviver.
Ganhou por isso o apelido de Pequeno Polegar.
Ele era pequeno, porém muito esperto, sempre
aprendendo brincadeiras novas com seus irmãos.
Naquele tempo, houve na Europa uma grande fome,
que se espalhava por todas as cidades em volta da
casa de Polegar.
Não havia alimentos para todos.
As panelas estavam vazias...
O pai das crianças, sabendo que todos morreriam
de fome se ficassem em casa, teve uma idéia:
- Vou levar todos para a floresta.
Talvez encontrem coisas para se alimentar e
sobreviver.
Aqui é que não vai dar certo.A mãe chorou muito,
mas concordou com o pai em não contar nada para
os filhos, para que não se desesperassem.
Preparou um lanchinho para cada um
(o último que tinham), e todos partiram cedo, pela
manhã, como se fossem passear na floresta.
Depois de estarem todos bem cansados de
andar, os pais foram se afastando, sem que as
crianças percebessem.O Pequeno Polegar foi
o primeiro a reparar que os pais haviam sumido.
Todos tentaram procurar, mas se descobriram
perdidos e abandonados...
A noite já vinha chegando, e as crianças tinham
medo dos lobos e morcegos que faziam ruídos
assustadores em volta.
O irmão mais velho subiu na árvore mais alta
para procurar um abrigo para a noite.
Todos festejaram quando ele disse ter visto
a torre de um castelo ao longe, para o lado de
onde a lua vinha nascendo.
Foram caminhando rapidamente, pensando
achar um grande castelo acolhedor, com um rei
e uma rainha ricos e bondosos para dividir abrigo
e alimento com todos eles.
Não era bem isso quando se via de perto, mas todo
o resto era apenas a floresta perigosa, e eles não
queriam ser devorados.
Então bateram à porta assim mesmo.
Uma estranha voz respondeu:
- Vocês estão loucos?
Não sabem o que tem atrás desta porta?
- Quem está falando?
- perguntou Polegar.
-Eu! Ora bolas!
- Não sabia que existiam maçanetas falantes!
- disseram todos.
- Para sorte de vocês, está vindo aí a dona
da casa, que é boa e carinhosa, mas se chegar
o patrão ...
A dona da casa abriu a porta, torcendo o nariz
da maçaneta, que nem reclamou.
Recebeu aquelas crianças abandonadas e
famintas com todo seu carinho, mesmo preocupada
que o marido pudesse chegar a qualquer momento.
Trouxe bastante comida, que ali não parecia faltar.
Todos ficaram satisfeitos e encheram as barrigas.
Como sempre, a maçaneta soltou berros horríveis
quando o patrão torceu forte seu nariz para entrar.
Ouvindo isso, a dona da casa correu para
esconder as crianças embaixo da cama do casal.
Não adiantou nada, pois o ogro malvado que
era seu marido sentiu o cheiro de gente estranha
logo, logo...
- Vou comê-los no jantar!
Ahaha!A mulher pediu que ele esperasse um
pouco mais, pois o jantar maravilhoso de hoje já
estava pronto, e tinha todos os pratos especiais
que ele adorava.
Então o ogro mandou que fossem se deitar
na cama ao lado da cama de suas filhas.
Sim, o ogro tinha sete filhas, que dormiam
todas na mesma cama, com suas coroas na cabeça.
Logo que os meninos se retiraram, ele rosnou que
iria degolar cada um deles à noite.
E ficou sentado esperando que dormissem...
Polegar, chegando com os irmãos ao quarto,
viu as meninas dormindo no escuro com suas
coroinhas e ficou pensando em uma idéia para
escapar.
Quando todos dormiram, colocou sua idéia
em prática:
trocou os chapéus de seus irmãos, e o seu
também, pelas coroas das meninas, e foi se
deitar bem quietinho. Naquele quarto escuro,
ele imaginou que o ogro iria reconhecer as filhas
pelas coroas nas cabeças, e foi isso mesmo.
Quando o ogro chegou, foi direto para a cama
dos meninos, mas pondo a mão nas cabecinhas,
sentiu as coroas, e assim foi para a outra cama.
Degolou todas as crianças que tinham chapéu
na cabeça.
- Ufa! Quase degolei minhas próprias filhas!
Assim que o ogro saiu, o Pequeno Polegar
acordou seu irmãos para fugirem juntos dali.
Desceram pela escada de mansinho, e
chegaram na maçaneta falante.
- Tenho ordens de avisar ao patrão sempre
que tentam entrar ou sair por mim, mas desta vez
vou desobedecer aquele malvado.
O único problema é que vocês não vão escapar
quando ele calçar suas botas de sete léguas e
for atrás de vocês.
Seus pés ficam os mais rápidos do mundo!
O Pequeno Polegar notou as enormes botas
encantadas ao lado da porta, e resolveu calçar assim
mesmo, com a maçaneta prendendo a gargalhada
com o ridículo do seu tamanho junto ao da bota.
Fez bem:
era uma bota encantada, e se ajustou perfeitamente
ao seu tamanho assim que calçou em seus
pequeninos pés.
Com elas, ajudou seus irmãos a voltarem para
casa, mas não quis ficar.
Despediu-se deles, e disparou para o castelo real.
Lá chegando, disse logo que era o correio mais
rápido do reino, e gostaria de provar sua capacidade
ao rei.
Nos primeiros dias, levava apenas mensagens sem
importância, mas ele era mesmo tão veloz e tão correto,
que acabou conquistando a confiança do rei em pessoa.
Logo estava sendo o responsável pela entrega das
mensagens mais importantes, até mesmo as de guerra.
Tudo chegava voando pelas mãos dele, com a ajuda
da bota de sete léguas.
Assim, o Pequeno Polegar foi ganhando e juntando
muito dinheiro.
Um dia, ele achou que era hora de voltar em casa,
e levar bastante dinheiro para sua família nunca mais
sentir fome ou abandono.
E isso ele também conseguiu.
FIM